História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

literalmente, nem a criança no berço. Possuídos de desespero, puseram-se os habitantes na defensiva, armaram os seus escravos negros, e então começou uma luta, ou antes uma matança, cujo encarniçamento excedeu a toda imaginação; não se dava quartel e, em fúria canibalesca, os negros dilaceravam os próprios cadáveres dos inimigos. Desta forma, havia já algumas horas que o combate se agitava, avançando ou recuando quando, finalmente, intervieram as tropas nacionais brasileiras; primeiro tentou-se uma carga de cavalaria; mas, os irlandeses receberam-na com tão violenta chuva de pedra, que os atacantes recuaram em desordem; ensaiou-se então uma avanço de atiradores, que também não produziu efeito; só quando a metralha começou a devastar continuadamente as suas fileiras, foi que os amotinados começaram a ceder, concentrando-se no quartel, de cujas janelas, porém, sustentaram ainda por muito tempo nutrido fogo de fuzilaria.

Entrementes, caíra a noite e com ela surgiu o boato de que os outros dois batalhões insurgidos se tinham resolvido à ofensiva, sendo que o 2° de granadeiros, pretendia, no correr da noite, apoderar-se do palácio de São Cristovão, da artilharia ali postada e da pessoa do imperador, para então marchar sobre o campo de Santana. Nesta emergência crítica, o governo brasileiro, duvidando da própria força, solicitou o auxílio dos almirantes francês e inglês, ancorados no porto do Rio, que ainda durante a noite, fizeram desembarcar cerca de um mil soldados navais. Ao romper do dia 12 de junho chegaram estes, para proteção do imperador, a São Cristovão, e como dali os franceses se pusessem em marcha contra o 2° de granadeiros, este batalhão, voltando finalmente à razão, depôs as armas, após breves negociações. Este exemplo foi logo seguido pelo 3° batalhão, que não poderia mais se sustentar por muito tempo no seu quartel.