História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

defesa. Só então, e depois que os oficiais enviados a parlamentar terem sido, por toda parte, repelidos com escárnio e perseguidos a tiros, chegou o governo a conclusão de que era mister empregar a força, e o general conde do Rio Pardo recebeu ordens de proceder contra os amotinados com as forças nacionais; o marchar das tropas, o rodar da artilharia, o cruzar das ordenanças, revelou então aos habitantes do Rio de Janeiro a grandeza do perigo que os ameaçava. Na realidade, as forças nacionais eram numericamente superiores aos revoltados, e podiam, se necessário fosse, contar com o auxílio das milícias, e até mesmo da população inteira; entretanto, considerada a superior eficiência e bravura das tropas estrangeiras, o resultado da luta poderia a princípio ter parecido incerto, se as últimas tivessem obedecido a um chefe experimentado e se resolvido a rápida e enérgica ação de conjunto. Felizmente faleceram-lhes ambos estes requisitos: o conde do Rio Pardo pôde, sem estorvo, distribuir destacamentos que interceptaram, tanto ao 2° de granadeiros como ao 28° de caçadores, o caminho para o campo de Santana, ponto natural de convergência dos amotinados; e também, de nenhum dos dois lados fez-se qualquer tentativa para romper aqueles obstáculos e conseguir a reunião dos três corpos revoltados. Sucedeu assim que, de começo só se teve de enfrentar o 3° batalhão de granadeiros, diante de cujo quartel tomou posição o grosso das forças brasileiras, com cavalaria e canhões. Ali já estava travada uma espécie de combate irregular; os irlandeses e alemães, saindo do quartel aos bandos desordenados, trocavam pedradas e tiros com o populacho de cor, reunidos em grande número no campo; em seguida, depois de haverem dispersados, em rápida arremetida, aos adversários, derramaram-se pelas ruas vizinhas, onde trucidaram em cega fúria assasina, a quantos encontravam, não poupando,