promessas miríficas do recrutador-mor, o famigerado major von Schaeffer, e fascinados pela flava miragem de rápida e fácil fortuna no império do Cruzeiro; eram, na maioria, aventureiros trazendo por divisa o velho moto dos flibusteiros do século XVII — ultra aequinocialem non peccari - e, expandindo após, em calúnias revoltantes e falsidades infames, a ira furiosa gerada do desastroso fracasso de mais uma correria no encalço de posições e de riquezas.
O tipo acabado deste gênero literário, que floresceu sobretudo na Alemanha, nos decênios de 1820 a 1850, se encontra indubitavelmente nas obras do tenente Carlos Seidler.
São nada menos de três e intitulam-se: Dez anos no Brasil sob o governo de D. Pedro I e após a sua abdicação (Quedlinburgo, 1835, 2 vols. in-12); História das guerras e revoluções do Brasil desde 1825 até ao presente (Leipzig, 1837, in-12); e Viagem ao Brasil (Nuremberg, 1847, in-16).
A primeira é, não só a mais considerável, como também a mais pessoal e abundante em notícias e episódios curiosos, se bem que entremeados de apreciações injustas e de juízos falsos.
O seu conjunto oferece um quadro bastante vivo, mas nem sempre verdadeiro, da situação dos militares estrangeiros em face dos nacionais, do estado do nosso exército sob o primeiro império e do seu papel em meio das agitações daquela época tormentosa.
Não raro contém observações interessantes e, às vezes, notas de real vigor descritivo. Na impossibilidade de, sequer resumi-las aqui, destacaremos o episódio característico da entrevista do autor com o primeiro Imperador.