História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

\"Na mesma tarde procurei o ministro da guerra, que acolheu benevolamente a minha pretensão. Experimentei então um bem estar e alegria indizíveis. Parecia-me haver assentado o alicerce de minha prosperidade futura\".

Dois dias depois Seidler compareceu ao \"beija-mão\" no Passo, e teve a ventura de atrair a atenção da imperatriz D. Leopoldina que se dignou de indagar de suas esperanças e a cuja graciosa intervenção deveu ser, em breve, nomeado segundo-tenente para o 27° batalhão de caçadores.

Carlos Seidler continuou ao serviço do Brasil até serem licenciadas as tropas estrangeiras e, depois de tentar várias profissões, voltou à Europa, em 1833, tão profundamente desiludido quão cheio de ódio ao país onde tinham fenecido as suas mais risonhas esperanças de glória e de fortuna.

Este rancor é a nota dominante em todas as suas impressões da gente e das coisas brasileiras, transparecendo na narrativa de fatos mínimos, e prejudicando a veracidade da maior parte das suas informações, nas quais, aliás, se manifesta o observador penetrante e narrador pitoresco.

Bastante jactancioso, gira facilmente a suspeita de mendacidade, sobretudo nas demoradas descrições de suas frequentes aventuras de amor e de seus duelos sempre vitoriosos, parecendo que nas suas memórias, ao invés das do grande poeta seu compatriota, há mais imaginação do que realidade.

Recife, 1915.

ALFREDO DE CARVALHO.

[link=27491]Foto: Dr. Alfredo de Carvalho[link]