História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

de atingir ao seu fim, que a menor demora poderia frustrar. A trote largo, seis possantes morzelos arrastaram o coche funerário, e seis lacaios conduziram o singelo esquife, parcamente munido de alças de prata, até à capela; trocando-se nesta ocasião os mais torpes doestos, com menosprezo do respeito, da compostura e mesmo da gravidade ordinária devida a qualquer morto, sem distinção. Entrementes, a sombria capela do convento tinha sido açodadamente, o quanto possível, ornamentada; inumeráveis círios iluminavam o Castrum doloris adornado de festões de veludo negro, e um fradeco risonho acabava de acender as velas do altar. O escudo das armas imperiais fora envolto em crepe; mas o escudo apresentava uma fenda e o crepe um rasgão, de sorte que com os vivos cabiantes de luz e sombra, a esfera do brasão parecia um cometa, com a sua medonha cauda luminosa. O acompanhamento constava de cerca de vinte cinco pessoas de classe superior, e outros tantos criados e estribeiros; a cerimônia religiosa foi curta e ligeira; cada um sentia-se feliz por ver terminada aquela cena dolorosa. Foi assim que, nem mesmo depois de morta, a nobre Leopoldina mereceu as honras a que tão exuberantemente fizera jus pela sua vida benfazeja; mas, a nação inteira chorou a perda de sua mãe e a glória de Leopoldina não desaparecerá enquanto forem pronunciados os nomes do Brasil e da Áustria.