História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

e provocava cavalheirosamente um dos seus navios a combate singular, duelo este que sempre terminava com a sua vitória. A nossa viagem foi, a princípio, muito agradável, pois o vento era tão favorável que em três dias atingimos a altura de Santa Catarina, e assim vencemos metade da nossa derrota; acrescia ainda a distração que nos proporcionavam os constante sinais dos navios de guerra, a emulação dos capitães por se adiantarem uns aos outros, a natureza nova, a geral expectativa e a jovialidade de todos. A fragata navegava à frente do comboio e o bergantim protegia a retaguarda; era assim a ordem prescrita. Após estes três dias de navegação, o vento mudou de repente começando a soprar com violência do sul, isto é, justamente contra nós. Estes golpes de vento, conhecidos pelo nome de pampeiros, levantam-se tão rápida e subitamente que não dão tempo aos marinheiros de colherem as velas no momento oportuno, sucedendo até virar o navio com a impetuosidade do embate. Na ocasião em que o pampeiro anunciou, com um ligeiro uivo, a sua aproximação, o nosso navio estava perto da fragata e, em consequência, teve de virar de bordo junto com ela. A fragata, porém, executou a manobra com muito mais prontidão e destreza do que o nosso ronceiro navio, no qual, aliás, conforme o costume brasileiro, reinava a maior desordem; as nossas velas e cordagens embaraçaram-se e viamos claramente