História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

e empreendedores. O almirante e comandante em chefe da esquadra, Lobo, mantinha relações secretas com os inimigos da sua pátria. Cuidando apenas do próprio interesse, permitia, mediante fortes quantias de dinheiro, que os navios de Buenos Aires entrassem e saíssem no Rio da Prata. Está provado que navios mercantes brasileiros foram capturados à sua vista, sem que ele se lembrasse de socorrer aos seus patrícios. Os navios inimigos conduziam as suas presas à Buenos Aires, através da esquadra brasileira e, não raro, isto acontecia sem que fosse disparado um só tiro de canhão. Alguns oficiais honestos acabaram por levar ao próprio imperador queixas contra esta conduta equívoca, pelo que Lobo foi chamado ao Rio de Janeiro. Mas, como durante o tempo do seu comando tivesse achado meios de enriquecer, não lhe faltaram amigos que soubessem conduzir tão bem os seus negócios, que apenas foi acusado de negligência e não de traição, conforme fora denunciado pelos seus subordinados. Em virtude da sentença passada por um conselho de guerra adrede peitado, foi recolhido à fortaleza de Santa Cruz; mas, após breve prisão, recuperou a liberdade, conservando todos os seus títulos e honras.

Os sucessores de Lobo, que não temiam demasiado uma punição desta natureza e que só assumiam o comando animados do desejo de dele se aproveitarem para enriquecer, seguiram