História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

de Montevidéu, onde toda a esquadra imperial bloqueava a foz do Rio da Prata. A frota brasileira constava então de mais de trinta velas, das quais onze ou doze eram grandes navios de primeira e segunda classe; ao contrário, todo o poder naval da república de Buenos Aires consistia apenas numa corveta, em que se achava o almirante, e de quatro pequenas embarcações armadas. Não obstante esta desigualdade de forças, a vantagem estava sempre do lado dos mais fracos; Brown mostrava-se, sem medo, por toda a parte no mar; parecia gozar dos privilégios da ubiquidade e da invisibilidade; acercava-se, de noite, sorrateiramente da frota inimiga, as sentinelas eram trucidadas antes que pudessem dar alarma, a tripulação desarmada em silêncio e, desta maneira, eram capturados, um após outro, os navios imperiais. Para a manutenção do seu poder naval, assaz considerável, conforme já vimos, o Brasil tinha que dispender somas enormes; Buenos Aires, porém, não tinha dinheiro e, também, nada podia fazer pela sua marinha; mas, o produto das presas bastava para as despesas da sua pequena flotilha e, deste modo, eram poupadas ao Estado grandes despesas. Não obstante a grande habilidade e o assinalado talento que Brown revelava nos seus empreendimentos militares, ter-lhe-ia sido impossível afrontar por muito tempo a superioridade numérica do poder brasileiro, se este fosse dirigido por homens honestos