navios encalharam várias vezes na areia; mas, como não houvesse temporal, apesar do vento soprar com bastante violência, e como as pequenas embarcações brasileiras são geralmente construídas de madeiras duríssimas e duradouras, ambos safaram-se sem avarias. Os recifes não são, entretanto, os únicos a ameaçarem ali de perigo ao navegante; por vezes, surgem súbitos e violentíssimos golpes de vento que podem fazer afundar os navios se as velas não são colhidas a tempo. As pessoas que frequentemente navegam por estas águas, reconhecem a aproximação de semelhantes borrascas por uma pequena nuvem branca, de brilho trêmulo de estrela, que aparece na limpidez do céu, colhem imediatamente todas as velas, e mal têm acabado, cai sobre eles o vendaval com medonho bramido. Apesar de toda a precaução de que usam os marcantes, consta não serem raros os desastres que produz. Assim é que, pouco antes da nossa chegada a Serrito, uma grande canhoneira brasileira fora virada com toda a sua tripulação de trinta pessoas. Por causa do vento contrário, não pudera entrar na foz do rio Jaguarão e tivera de fundear na Lagoa. Devido à noite escuríssima e, talvez, também ao descuido dos vigias, a tal nuvem branca não pôde ser percebida em tempo; súbito começou a raivar o furacão e, antes que se pudesse lançar uma segunda âncora, partiu-se a amarra da primeira, e a embarcação, entregue à fúria das vagas e do vento, naufragou.