Um dia esse senhor rubicundo aproximou-se do tabuleiro de Manuela, que lhe apresentou dois figos preciosamente embrulhados em meias folhas de bananeira, deixando-os por seis vinténs. Ela evitou confessar que já havia rejeitado por eles uma pataca.
Outro dia, um lindo pêssego (são tão raros, os pêssegos, no Rio!) chamou-lhe a atenção no meio dos produtos coloridos da quinta. Muitos dos que passaram, atraídos pela provocação do fruto europeu, fizeram ofertas que Manuela recusou.
— Já está vendido, respondia ela aos gulosos da Bolsa e da Alfândega.
O vermelhão passou diante dela sem parar. O seu ar distraído de trabalhador, o seu passo ligeiro provocaram a atenção da quitandeira. Chamou-o com a maior meiguice. Ele, porém, continuou o caminho, sem atender ao chamado. Obedecendo a um sentimento invencível, Manuela pegou no pêssego e precipitou-se no caminho do desdenhoso personagem. Alcançou-o justamente quando ele ia virar a pequena rua que conduz à aduana.
— Senhor, senhor, disse ela com embaraço que não era fingido. Não lhe agradaria comer este fruto do seu país?
— Um pêssego! Observou o estrangeiro. Oh! É fruta rara no Brasil. Obrigado. Hoje não o poderei comprar. Eu... esqueci minha carteira, terminou com hesitação.