Mulheres e Costumes do Brasil

Uma manhã, antes de sair da chácara, a jovem escrava fez uma toilette mais cuidada que habitualmente. Coberta de ouros, colares, pulseiras e anéis, parecia um soberbo relicário. Um xale encarnado foi atirado descuidadamente sobre os ombros. Finos chinelos cobriam as extremidades dos pés e um esplendoroso turbante de seda envolvia-lhe a cabeça. Com as suas ideias de vaidade africana, e, enfim, para que as suas graças tivessem maior realce, ela pegou numa caixinha chinesa, de formato exótico, dessas que se vendiam no Rio, e escondeu-a no seio.

Esse objeto, cujo consumo é considerável na América do Sul pelas mulheres de cor, continha almíscar. Assim preparada e perfumada, Manuela encaminhou-se para a cidade, recebendo, sem se emocionar, numerosos cumprimentos pelo caminho. Ao entrar na rua Direita, dirigiu-se logo para o ângulo da Igreja dos Militares.

Este lugar oferece alguma analogia com um quarteirão de Roma antiga, todo entregue aos livreiros, e especialmente aos negociantes de sagila e que, por isto, se chamava Sagilaria.

Os sagilas, como se sabe, eram pequenas figuras, camafeus, periates, como diziam os gregos, com que as pessoas se presenteavam durante a festa dos Sagilarios.

Negras e negros, instalados ao ar livre, encostados à igreja, vendem, com permissão das autoridades, as esquisitas mercadorias que se compõem unicamente