de figuras de cera, crescentes de cornalina e figas de madeira, grosseiramente esculpidas. Alguns ajuntam a este comércio medalhas bentas e imagens representando a cena do Desagravo. Esta palavra, consagrada pela tradição, lembra uma lenda colhida na própria igreja dos Militares.
Segundo essa lenda, um artista português retocava as pinturas de um enorme Cristo suspenso na parede de uma capela. Num estúpido acesso de raiva, o artista distraiu-se a ponto de esbofetear o Homem-Deus. A sua impiedade foi punida ali mesmo, pois o Cristo, despregando-se da parede, caiu sobre ele, esmagando-o.
Todos esses objetos, tão diversos no entanto, são destinados a esconjurar o mau-olhado ou encanto.
Esse sítio poderia chamar-se justamente mercado de amuletos.
É curioso ver-se, desde pela manhã, a afluência dos fregueses em volta das lojas.
As amas de leite aí são as mais numerosas; e adquirem um arsenal miraculoso que penduram ao pescoço e ao da criança que amamentam.
As moças supersticiosas e as orgulhosas senhoras não trepidam em vir fazer provisão de armas sobrenaturais contra os feiticeiros que poderão encontrar no caminho.
Manuela, escusa dizer, estava já amplamente provida desses apetrechos duvidosos. Em todo caso, receando que os talismãs que trazia consigo já tivessem