Mulheres e Costumes do Brasil

horas, sempre silencioso e distraído, dirigiu-se para a rua do Ouvidor sem ter lançado um olhar sequer a Manuela.

A mina tomou então uma resolução suprema.

Insensível às caçoadas estúpidas das companheiras, colocou o seu tabuleiro vazio sobre o turbante de seda e seguiu o estrangeiro. Este entrou em uma loja de novidades. A quitandeira sentou-se à porta de uma casa e esperou As janelas estavam abertas. De seu lugar, Manuela podia distinguir as pessoas que iam e vinham da loja. Viu o rapaz aproximar-se da empregada e depois de algumas palavras trocadas com ela, penetrar no interior da loja e afinal aparecer à janela do primeiro andar com o dono da casa.

Nessa ocasião o dia declinava consideravelmente. Acendiam-se as luzes.

Manuela esperou pacientemente cerca de uma hora. Em vão, a sua atitude melancólica e a sua rica vestimenta atraíam as cortesias dos senhores moços que circulavam na rua. Manuela não dava ouvidos às propostas amorosas que eles lhe faziam, e ia passando.

O seio agitado, a descoberto de qualquer véu enciumado, as duas mãos cruzadas sobre os joelhos, a cabeça languidamente inclinada para um ombro, o olhar obstinado, fixo para a janela que lhe ficava à frente, ela estava cega e surda a todos os ruídos e movimentos da rua. Dominava-a um pensamento firme, absorvente, soberano.