"Uma escrava, jovem e bela (isto excita sempre a simpatia) recomenda-se aos ilustríssimos senhores da corte. Uma representação acaba de ser organizada, cujo produto será destinado à sua libertação. Trata-se de uma boa obra, com todos os atrativos de uma noite de prazer. Ninguém se escusará a concorrer para essa festa, cujo fim é tão evidentemente cristão. A interessante criatura e os nobres padrinhos que a protegem contam, portanto, com o apoio da alta sociedade do Rio para obter a sua liberdade."
O cartaz do teatro trazia em letras grandes, vermelhas:
"REPRESENTAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
EM BENEFÍCIO DE UMA RAPARIGA JOVEM,
BELA E INFELIZ.
O PRODUTO DA FESTA SERÁ DESTINADO
A PAGAR A SUA LIBERDADE.
FIDALGOS, MOÇAS, SENHORAS, RESPONDEI
AO NOSSO APELO COMO SÃO VICENTE DE
PAULO: 'VINDE PARTIR AS CADEIAS DA
ESCRAVA'."
A ideia teve amplo sucesso.
Tudo quanto a capital do Império contava de eminente adquiriu bilhetes.
A sala ficou repleta e a receita ultrapassou as esperanças dos interessados. No dia seguinte, uma cena estranha passou-se na chácara de Mata-Porcos.