A infâmia ou o abandono, tal é o dilema que ela impõe à sua vitima.
Esta entregara, com o seu patrimônio, toda a sua alma à pérfida criatura.
A pobreza no trabalho a apavora, falta-lhe a energia necessária para dissolver laços vergonhosos. Um rompimento, concebido nessas condições, será a sua morte.
Ao suicídio prefere a ignomínia.
É que o vício (é triste constatá-lo) possui uma força de atração a que certas naturezas não se podem esquivar.
E um nome recebido sem mácula, que pertence a uma família honesta, distinta, ilustre, muitas vezes, e a consideração pessoal, a glória, a honra, tudo é sacrificado pela paixão insensata que inspira a cortesã.
É falso que a Dama das Camélias tenha morrido do peito. Sua moléstia foi uma farsa pela qual um Artur se deixou prender. Então, entrincheirada pelo casamento, ela imagina que a consagração legal produziu a reabilitação, suprimindo radicalmente o passado.
A Dama das Camélias calunia a sociedade.
Vivendo sem remorsos no meio do luxo mal adquirido, ela não repara, nem nos murmúrios misteriosos, nem nos sorrisos zombeteiros que acolhem a sua presença, nem no rubor que tinge as faces do esposo.