Infelizmente os capitães mercantes conhecem pouco da fisiologia do gosto, por isso ainda não puderam penetrar as sábias doutrinas de Brillat-Savarin.
O toucinho que se gasta a bordo é geralmente o que dá à feijoada um gosto detestável. Demais, o pão aí é raro, quase sempre substituído (com vantagem, pensam eles) pela farinha de mandioca, que cada um amassa à vontade entre os dedos, ou vai espalhando no seu prato. Um galheteiro cheio de pimentas malaguetas — condimento indispensável nos trópicos — acaricia agradavelmente umas gargantas forradas de zinco. Sem malaguetas, um brasileiro não saberia fazer uma boa refeição.
O chá de mate é servido abundantemente nos navios mercantes. Quanto ao vinho, ignora-se geralmente o seu uso. Felizmente Fruchot, que conhecia os hábitos de bordo, tinha-se precavido contra essa lacuna: embarcara conosco 25 garrafas de vinho do Porto, que nos prestaram grande auxílio.
Se soubéssemos, porém, ele e eu, que a alimentação deixaria tanto a desejar, o que não aconteceu com o negociante e com o cabeleireiro, que se serviam diariamente de banquetes que pareciam novas núpcias de Gamache, teríamos respeitado a feijoada, prato cobiçado, que desaparecia logo, voltando quase sempre vazio para a cozinha. O que servia de guloseima aos dois outros passageiros não era para nós senão um entretenimento à nossa fome Nunca bebemos café tão amargo como nessa viagem, porém o açúcar