— Cada suspiro, como disse aqui o senhor, é um ato de agradecimento ao capitão pelo excelente jantar que acaba de nos proporcionar. Não se suspira assim sem se ter provado de uma boa refeição. Ora, somos tão delicados em Portugal como no Brasil, ajuntou ele muito sério. Creiam-me.
Tanto sangue frio me desconcertou um pouco. Mas continuei:
— Somos menos delicados em França, concordo; por isso fazemos nossos cumprimentos de outra forma. Ainda mais, aquele que tivesse coragem de suspirar assim na cara do outro, no meu país seria logo expulso, como um malcriado, do seio da sociedade.
— Cada terra com o seu uso, observou filosoficamente o português.
— O senhor deixar-me-ia muito grato, se renunciasse a este hábito, pelo menos, se esperasse para o praticar o momento em que nos afastássemos da mesa. Na nossa ausência, então, o senhor poderia agradecer, como quisesse, ao nosso digno comandante.
— Costume da terra, senhor! Costume da terra, repetiu o negociante.
— Pois eu lhe agradeceria infinitamente, se o senhor desistisse desse costume durante o jantar, insisti.
— Impossível, senhor. Impossível! A feijoada é boa demais para que deixássemos de agradecer ao nosso comandante.
O homem falava com convicção. A seriedade perfeita que ele mantinha afastava qualquer ideia de