explicou-me o motivo que a provocara e como se efetuava essa correspondência com uma habitante do céu.
Cecilia e Paulino amavam-se e essa união era coisa resolvida entre as duas famílias. Uma questão de dinheiro apareceu à última hora para destruir projetos longamente acarinhados. O pai de Cecilia tinha prometido dar à filha um dote de cem contos de réis (300 mil francos). Um grande prejuízo que sofrera o seu negócio forçava-o a reduzir essa soma a 85 contos. A diferença era mais ou menos de 45 mil francos. O pai do moço, deputado pelo Espírito Santo, homem orgulhoso e avaro, não concordou com o abatimento. Sem consideração pelos sofrimentos de Paulino, retirou a palavra.
As sessões haviam terminado, e o deputado não tinha prolongado a sua estada no Rio de Janeiro, senão por causa da união projetada pelas duas famílias. Na véspera, depois das últimas explicações, ele expôs a Paulino a sua resolução de voltar no dia seguinte para a sua província.
Essa partida brusca, pensava ele, cortaria toda a veleidade, toda a tentativa de aproximação. A separação era cruel, é verdade; mas a ausência e a distância produziriam efeitos mais enérgicos. Nessa mesma noite, pois, o pai e o filho deveriam deixar o Rio.
A desolação, compreende-se, invadia a casa há 24 horas. Cecilia passara a noite em claro e a manhã inteira estivera à janela, por detrás dos