postigos, pensando sempre na volta de Paulino. Este, vigiado, sem dúvida, não aparecera. Então a moça volveu a última esperança para a sua padroeira celeste.
Escreveu-lhe a fim de lhe suplicar proteção aos seus amores. Somente Santa Cecilia poderia comover o coração do deputado, impedir-lhe a partida e restituir-lhe aquele sem o qual não poderia mais viver.
Esta confidência intrigou-me tanto quanto excitou a minha simpatia pelos dois amorosos.
A senhora chegou ao máximo da sua bondade, introduzindo-me em um cômodo que precedia o quarto da filha. Uma janela interior dava para este. Pude, então, assistir, sem ser visto, a uma cena curiosa e nova para um europeu.
Um altar tinha sido erigido sobre uma mesa, ornamentado de flores naturais e de círios acesos. Queimavam-se incenso e mirra, e uma fumaça cheirosa evolava-se pelo aposento.
Ajoelhada diante do altar, Cecilia escrevia.
Pouco depois, levantou a cabeça, pegou entre os dedos a folha ainda úmida sobre a qual acabava de expandir sua alma. Aproximou o papel da chama da vela. Depois da consumação, recolheu as cinzas em um pires encarnado.
— Agora ela vai enviar a carta à padroeira, murmurou a senhora aos meus ouvidos.
Chegou então o momento de ver funcionar o correio celestial. Abri bem os olhos e esperei em silêncio.