A viração começara. Cecilia, cobrindo o pires com uma das mãos e sustendo-o com a outra, com religioso respeito, aproximou-se da janela. Aí ajoelhou-se de novo; depois, soprando, atirou para o espaço as cinzas que o recipiente continha.
De mãos postas, seguia com o olhar inquieto as partículas negras que a brisa carregava pelos ares. Pouco depois, nada mais se via.
A carta dirigia-se ao céu.
A moça fez uma última oração e, ao levantar-se, o seu rosto radioso testemunhava a confiança que nutria no sucesso da sua petição.
Que deverei acrescentar a esta narrativa?
Nessa noite, à mesma hora em que o deputado e seu filho deveriam estar a caminho do Espírito Santo, um negro introduziu na sala dois senhores, sendo que o mais moço se atirou aos pés de Cecilia.
O velho avarento deixara-se enternecer, e dois meses depois Paulino casava-se com aquela a quem amava.
Cecilia é hoje a mais feliz das mulheres. Mas está persuadida de que o seu requerimento chegara ao destino, e que, portanto, se ela é hoje a esposa de Paulino, deve-o à intervenção da sua padroeira.
Eis por que, repitamo-lo, há no Brasil tão pouca pressa em construírem-se vias férreas. Para que aproximar distâncias em terra, quando se está em comunicação frequente com as estrelas, e quando se pode, à vontade, fazer partir um expresso para o céu?