trazia a data de 1817. Imaginem o nosso embaraço. Não sabíamos como tratar de um assunto tão escabroso sem faltar ao respeito devido à idade do suposto capitão-mor.

Este estudava na nossa fisionomia o efeito que não podia deixar de ter causado o tal papel. Firmando-se bem nas pernas, orgulhoso, uma das mãos passadas no colete, a cabeça inclinada a três quartos — pose de grande oficial da Coroa, ajuntou:

— Vejam, está tudo em regra. Falta-me dizer-lhes que o número de crentes já aumentou consideravelmente na província. Esperamos impacientemente as ordens de Sua Majestade. Agora que a minha identidade está provada, dignar-se-ão comunicar-me as suas instruções, para que eu tome as minhas providências.

Que lamentável quiproquó!

O sr. Carvalho tomava-nos por emissário do rei extinto. Apesar de reiteradas as nossas negativas, ele insistiu por notícias de seu senhor, declarando que a nossa reserva dessa manhã já se tornava injuriosa. O velho emocionava-se ao falar, enquanto o negociante empregava todos os esforços para se conservar sério. Não era fácil, compreende-se, sair dessa alhada. Afinal, a suscetibilidade do sr. Carvalho merecia consideração. Ele voltava ao assunto com tanta insistência, dava-nos excelência com tanta sinceridade, estava tão convencido de que éramos os confidentes