Mulheres e Costumes do Brasil

convicção é respeitável, desde que seja sincera. Aquele homem, pronto a sacrificar-se por um príncipe morto há três séculos, mas sempre vivo na sua lembrança, desafiava com excessiva coragem o ceticismo da nossa época, para não excitar a minha simpatia. A despeito das minhas ideias, eu estava emocionado diante dessa crença, que nada podia abalar.

O capitão-mor retirou-se enfim, encantado da nossa recepção, e pedindo-nos a honra de uma visita.

Uma explicação torna-se agora indispensável.

Todos conhecem a expedição infeliz que o jovem rei de Portugal d. Sebastião empreendeu no décimo sexto século, na dupla intenção de outorgar a coroa a um rei muçulmano e conquistar prosélitos para a religião cristã. Depois da batalha de Alcacer- Kibir, esse príncipe cavalheiresco pereceu na passagem do rio Macassin, a 4 de agosto de 1578, um ano justo antes de Camões morrer no hospital, em uma cama desprovida de roupas!

Pois bem. Quem pensaria que esse acontecimento, apreciado por historiadores sérios, sobretudo por Jeronimo Mendonça, encontrou, e encontra ainda hoje, numerosos incrédulos nas duas bandas do Atlântico? Não. O jovem monarca não está morto. Passou simplesmente ao estado de mito. Como o rei Arthur, vive errante pelo mundo, ou talvez se tenha retirado para um sítio ignorado, onde os seus inimigos jamais o descobrirão. Graças ao dom da imortalidade que lhe facultam suas virtudes, aguarda em