superior a 30 contos (90 mil francos), e, tendo-a recebido, repartiu a importância com diversos indivíduos do séquito de d. Pedro. Esses ficaram igualmente fieis à tradição e ao imperador, que ao ter conhecimento do delito deixou-o ficar impune.
Outrora, esse gênero de roubalheira era ousadamente praticado na Europa, nas mesmas esferas superiores. Malgrado o preconceito de nascimento que os separava, cortesãos e fornecedores se entendiam como ladrões de feira para despojar o soberano. O dinheiro reduzia as distâncias. Somente o duque e o marquês adjudicavam a parte do leão, o que parecia muito natural ao pobre diabo que eles tomavam por cúmplice.
Madame de Pompadour, cuja manutenção custou nada menos de 36 milhões à França, teve desejo, certa manhã, de possuir um adereço de diamantes que um joalheiro lhe oferecia por 250 mil libras. A marquesa já era proprietária de 1.787.000 libras em diamantes e 394 mil libras em joias. Ademais, as caixas públicas estavam esgotadas e os camponeses reduzidos à condição de comer a erva dos campos, os cardos crus e as imundícies. Mas nada disso era razão bastante para demover o novo capricho da Pompadour. Impelido pelo desespero de Luiz XV, o chanceler Chauvelin resolveu vender a couraça que o imperador Soliman presenteara a Francisco I. Essa venda produziu 600 mil libras, das quais o fiel Chauvelin se apropriou de 350 mil por direito não estipulado de