Mulheres e Costumes do Brasil

para nós. Não se aprisiona nem o jaguar, nem o tucano. A caça ao ar livre, a contemplação das solidões imensas, o amor no fundo do deserto, os combates com as nações inimigas, as festas religiosas de iniciação dos guerreiros, os divertimentos à margem do Lago Sagrado, e mesmo os sacrifícios no território dos antepassados — eis o que Taru nos deu e o que os brancos nos arrebataram. Restituí-nos todos os bens que nos pertencem, e viveremos à nossa vontade, como viveis à vossa. Se não, desconfiai. Porque os botocudos errantes, dispersados, perseguidos como feras ou vigiados como animais de tropa, serão sempre, e por toda a parte, implacáveis inimigos dos brancos e dos mestiços.

Tal era a resposta invariável do pajé a todas as proposições que lhe eram dirigidas pelos padres e pelas mais altas autoridades da aldeia.

Tio Barrigudo afirmava, em todas as circunstâncias, e até nos detalhes os mais pueris, os mais simples, se o quiserem, a sua raiva contra a civilização.

Destarte, nunca se pôde obter dele que renunciasse ao tratamento por tu, usado na vida selvagem. Assim ele tratava o mundo — o padre, o diretor da aldeia, o soldado e o escravo. Persistia em empregar a linguagem imaginada pelas tribos, chamando os brancos — caras-pálidas e os mulatos — caras-escuras. Os padres-barbadinhos (capuchinhos) não eram para eles senão pajés, como os feiticeiros botocudos.