sociedade extraordinariamente superficial, arrogante e vaidosa.
O ultraje feito a Manuela, a bordo da sumaca "Os Dois Anjos", iniciou o leitor nas sombrias suscetibilidades dos senhores brasileiros.
Lá, não o esqueçamos, eram os brancos que rejeitavam a negra, como indigna da sua nobre companhia.
O pele-vermelha, por seu lado, acabava de esquivar-se, no seu orgulho selvagem, a reconhecer os mulatos como seus semelhantes.
Examinemos a posição em que os costumes e a Constituição brasileira colocam essa raça irrequieta, enérgica, ambiciosa, nascida numa terra que fatalmente um dia lhe deverá pertencer.
Se é verdade (como o afirma audaciosamente a doutrina de Monröe) que a América seja exclusivamente propriedade dos americanos, toda a região deste continente, abrangida pelos dois trópicos, voltará logicamente à posse dos homens de cor.
Ao passo que o clima exerce continuadamente os seus malefícios entre brancos e pretos, os mulatos e os mestiços aumentam dia a dia. A época não está longe, em seguida à supressão radical do tráfico dos negros, em que eles terão desaparecido completamente das terras do Império. Os mestiços serão, daí em diante, em proporção enorme em face da população branca.
Esta deverá renunciar às suas pretensões insensatas e à supremacia opressiva e desprezível. Se resistir, será fatalmente aniquilada.