Quando se viu uma branca casar com um mulato?
Aquela que ousasse afrontar tão audaciosamente os usos e os costumes do seu país seria repelida, no mesmo instante, por todas as pessoas da raça pura. Seria desprezada, apontada a dedo, excluída sem dó da sociedade em que ela figurava, em outros tempos, como ornamento e orgulho.
O preconceito é vivo no Brasil. Estou autorizado a sustentá-lo, apesar da asserção lançada por Mr. Charles Raybaud, de que o Brasil se mantém em toda a sua energia selvagem.
O mais pobre trabalhador não trocaria a cor de seu rosto, se fosse branco, pela de um mestiço, mesmo que essa troca lhe desse um milhão de lucro. Ele é o "ilustríssimo senhor", tanto quanto o advogado, o deputado e o negociante, e, apesar das suas privações, sente-se igual a todos.
O mulato mais opulento (e existem entre eles alguns que possuem fortunas principescas) é seu inferior. Ele o sabe, e o fará lembrar na ocasião propícia.
Por mais miserável que seja, é sempre alimentado pela conviçcão de que faz parte da aristocracia do país, a única que ele conhece, a única que ele aprecia — a aristocracia da pele.
A lei faz generais, barões, deputados, comendadores, de homens de cor. Mas o preconceito os declara indignos da aliança com as famílias brancas. Casam-se entre si. Encontram-se em festas públicas, solenidades nacionais, entre os médicos do imperador.