Mulheres e Costumes do Brasil

Segundo alguns economistas, esta proporção é de mais da metade em favor dos escravos. Explicam aqueles, pelo receio de revelar a esses a sua superioridade numérica, a obscuridade misteriosa que o governo faz pairar sobre a estatística.

Agora que analisamos o gosto dos senhores pela catinga, o leitor poderá apreciar, por sua vez, o número de mulatos que cada ano põem no mundo dois milhões de negras. É preciso levar em conta os produtos dos brancos, dos mestiços e dos negros, com as mulheres indígenas, as mulatas e as mestiças.

Resulta deste cálculo que poucos brasileiros não terão nas veias uma porção de sangue negro ou caboclo.

Esta hipótese é categoricamente demonstrada pelas mil tonalidades de pele que se notam no país. Toda a escala de tons e semitons, que separam o branco puro do negro retinto, é representada por essa população multicor. Vermelho-pálido, azeitona, tostado, terroso, amarelado, lívido, cinzento-sujo, tais são as tintas diversas, cujo conjunto compõe a fisionomia do povo brasileiro. Ainda é mister acrescentar a essa variedade de espécies outras subdivisões de cores que são: mamelucos, cholos, curibocas (os somboloros dos espanhóis) e enfim os sacalaguas(3).Nota do Autor

Fazemos, pois, uma grande concessão aos brasileiros, admitindo que, em uma população livre de quatro milhões, um milhão de indivíduos tenha conservado