Mulheres e Costumes do Brasil

na sua pureza, o sangue dos antepassados. Apressemo-nos em declarar que neste milhão compreendem-se os europeus residentes no país. E ajuntemos ainda que cada dia este diminui, e é fácil prever que em próximo futuro não restará um brasileiro que não tenha pouco ou muito do sangue dos antigos escravos.

Hoje o mulato e o mestiço estão em proporção de três para quatro.

Eis o que torna grotesco o orgulho desmedido desses brancos duvidosos, e o seu desprezo soberano pelas tonalidades um pouco mais carregadas que a sua.

Ainda mais: o preconceito da cor, que intervém sempre nas relações da sociedade, domina as afeições mais naturais e perturba friamente, sistematicamente, a harmonia do lar doméstico.

Escravas ou emancipadas, as moças de cor estão contaminadas do vício original, e este vício transmitem-no à sua progenitura.

Assim, não é raro ver-se uma família cujos membros apresentam três, quatro nuanças de pele diferentes. O cruzamento das raças — acabamos de o constatar — fornece produtos diversos, que se afastam ou se aproximam do branco, mas nunca se confundem com ele. Um senhor terá uma filha branca, uma outra mestiça e um filho mulato. A primeira de uma união legítima; a segunda, produto de uma índia, e o terceiro, enfim, de uma escrava, porém legitimado.