A lei, já o dissemos, confere os mesmos direitos a essas três criaturas, que têm um autor comum. Mas o preconceito coloca-as, umas em relação às outras, em um estado de inferioridade ou superioridade permanente e imoral. Ora, se a igualdade dos filhos entre si é a base fundamental da família, como poderá essa família existir em semelhantes condições?

É inútil ajuntar que a dona da casa, a esposa legítima, não experimenta mais que afastamento e aversão por esses produtos de uniões extra-conjugais, que vêm prejudicar a parte dos seus filhos legítimos.

Começa o leitor a perceber o quadro sombrio que representa realmente, através de uma aparência harmoniosa, a casa brasileira.

Crescite et multiplicamini, disse o Evangelho. E a sociedade brasileira obedece com fervor ao preceito do Evangelho, invocando Nossa Senhora da Conceição.

Dentro em breve, daremos a essa questão — a mais importante das que temos tratado — todo o desenvolvimento que merece.

O leitor ficará admirado: o preconceito que divide os cidadãos vive do mesmo modo no seio das famílias. O mestiço será fatalmente votado ao isolamento entre os seus. Seu pai, que o reconheceu no fogo da paixão, não hesitará nunca em sacrificá-lo à progenitura branca. Quanto aos seus irmãos, não se cansam de afastá-lo como intruso. Ele traz no seu rosto o estigma indelével do pariá, tão desonroso,