segundo os costumes coloniais, como o ferrete da bastardia.
A despeito da lei que proclama a igualdade entre os filhos reconhecidos do mesmo pai, o mestiço não conta senão inimigos no lar doméstico. É assim condenado pela cor da sua pele a não encontrar afetos senão entre os homens da sua raça.
Que horrível existência a sua!
Os brancos desprezam-no e ele os odeia. É odiado também pelos negros, que são por sua vez menoscabados pelo mestiço, porque este é também vítima do mesmo estúpido preconceito.
A raça mulata — nunca será demais repetir — acumula todos os vícios e todas as qualidades de seus fatores. É altiva, enérgica, inteligente, ambiciosa como seu pai branco; velhaca, ardente, cautelosa, vingativa como sua mãe preta. Ajuntem-se-lhe ainda as imensas riquezas que adquire. Cada dia, já o dissemos, o amor pela catinga arrasta um novo soldado para suas linhas formidáveis, e cada dia também sua audácia cresce com o número dos seus associados e a importância do seu capital.
O mestiço ainda não tem voz ativa no Brasil. Conhece a sua força, e no meio das incessantes humilhações que lhe são infligidas não abdicou nenhum dos seus direitos.
Sabe que será o senhor, em um futuro próximo, e espera, roendo o seu freio, que possa enfim falar alto e impor a sua poderosa vontade.