Eu já não me recordava da anedota de Henri Koster, porém a réplica dos capitães ma trouxeram à mente. Resolvi então tirar todo o partido possível da ficção legal. Eu não ignorava, tampouco, ter tão poderosos auxiliares nas gargantas secas e nos estômagos esfaimados dos mulatos.

Regra geral: um capitão-do-mato está sempre sequioso por se sentar a uma mesa bem servida. Tratava-se apenas de conciliar a vaidade com a fome e a sede. O que não me pareceu difícil de conseguir.

Afetando uma resignação triste, disse-lhes que bem compreendia agora a sua determinação, e que na verdade eles não poderiam aceitar o amável convite da senhora D. Manuela do Bom Jesus.

— O convite? repetiram os mulatos, empalidecendo.

— Sem dúvida. É a ela que pertencem as provisões de boca e as garrafas de vinho do Porto arrumadas no gramado. Nossa boa amiga lastimará certamente que tão ilustres senhores estejam impedidos, por questões de preconceito, de ser seus convidados.

Os capitães pareceram-me bastante desapontados, porque, de fato, eles estavam mais ou menos na situação de Esaú, quando trocou o direito de primogenitura por um prato de lentilhas.

— A senhora é, pois, tão rica quanto linda, disse Santa Maria, o primeiro que mordeu a isca que lhes fora atirada.