Esse estava provavelmente com mais fome que o companheiro.
Até então, ele como Valcoreal, ao referir-se a Manuela, só a chamavam de escrava ou negra. Ei-los agora a tratá-la de senhora, e ainda mais, já não receiam render homenagem ao seu formoso corpo.
— Certamente, respondi, D. Manuela é muito rica. Seu pai, o Sr. João Vicente do Bom Jesus, é oficial do guarda-roupa de Sua Majestade D. Pedro II, ajuntei com seriedade imperturbável.
Esta mentira ser-me-á perdoada pelo leitor. Não causou prejuízo a ninguém, e impediu, segundo todas as probabilidades, um derramamento de sangue.
— Oficial? Seu pai é oficial! gritaram em uníssono os dois mulatos.
Acertei a pontaria e continuei:
— Oficial do guarda-roupa imperial, sim, senhores. É um dos primeiros cargos da coroa. Na Europa, este emprego só pode ser ocupado por príncipes de sangue.
Os capitães confundiam-se. Nesse momento, deploravam certamente o conflito de que foram a causa, e não desejavam nada de melhor do que beber o vinho de uma dama de tão boa família.
Penalizou-me o seu embaraço.
— A propósito, disse eu com felicidade, um oficial de Sua Majestade o imperador entrou, embora negro, para a classe dos brancos, brancos autênticos, imaginem!