impostor? O testemunho de um escravo não pesa nada diante da declaração de um senhor branco.
Lázaro olhou-me de certo modo, parecendo dizer-me, indignado: E então? Que lhe disse eu?
Respondi ao capitão compreender perfeitamente que a palavra de um escravo não valesse absolutamente a de um branco, mas que, no caso, não era um escravo e sim quatro, cinco, dez escravos, que viriam declarar o que sabiam: a mucama, a decifradora do ramalhete, aquele que meteu a isca nas ventas do cavalo do Sr. Agostinho dos Ladeiros, todos esses seriam ouvidos. Facilmente ficaria provado que D. Brígida tinha motivos para odiar seu marido. O que ela queria era vingar-se do assassino de seu amante.
A réplica do capitão Santa Maria merece ser anotada.
— Se um negro meteu uma isca no focinho do cavalo do Sr. Agostinho, é que esse negro, perverso como os demais, tinha um interesse pessoal em matá-lo. Assim como Gregório, não obedeceu senão ao seu instinto, ferindo o Sr. Rebentão. A mucama, a velha feiticeira, e mais cinco escravas, se quiserem, todas confirmarão o que diz Gregório. Um escravo é zero diante da lei e dez zeros não chegarão nunca a fazer uma cifra.
Claro e peremptório. Um branco é infalível, e quando, por acaso, comete um crime, é o escravo o culpado. É a este que deverá caber a responsabilidade. Resta saber se essa doutrina absurda será aceita pelos membros