Mulheres e Costumes do Brasil

beleza esplêndida, que não se pode contemplar sem emoção religiosa. É que, na verdade, um sopro poderoso, fecundo e divino circula através da paisagem. Assim, em presença dessa seiva luxuriante, dessa vida a transbordar de cada coisa — árvores, rio, lago, céu, ar — o coração desabrocha como a própria criação; com ele a alma se funde e o espírito se identifica. Experimenta-se, então, ao mesmo tempo, um sentimento de adoração respeitosa e um pouco do orgulho filosófico que Lucano empresta ao velho Catão nesses versos sublimes:

Est ne Dei sedes nisi terra, et pontus et aer,

Et coelum et virtus? Superos quid quaerimus ultra?

Jupiter est quodeunque vides, quodeunque moveris?


Eis o quadro.

Colocai agora, sob a abóbada profunda que formam os galhos gigantescos de um lecythis ollaria, um velho guerreiro botocudo, fumando melancolicamente o seu cachimbo, e uma jovem índia de alongados olhos mongólicos.

O guerreiro (um pajé temido, apelidado pelos portugueses de Grão-Taru, por causa do nome que se aplica ao senhor da criação na teogonia dos botocudos) é um velho alto e magro, cujo aspecto demonstra quatorze ou quinze lustros.

O Grão-Taru é um semicivilizado por ter recebido o batismo. Isto explica a razão da sua pele vermelha,