do seu nariz achatado, dos seus olhos oblíquos e dos seus lábios ainda com as marcas do batoque, não formarem uma fisionomia feroz, repugnante como a do botocudo, por exemplo.
Seu olhar é suave.
Todavia, quando o índio a falar se entusiasma, descobre-se no brilho das suas pupilas um resto dessa chama sombria que não é senão o reflexo da vida de aventuras que se leva no fundo das solidões. O retrato do Grão-Taru não ficaria completo se eu deixasse de assinalar, com as suas calças de algodão listrado de azul, o boné de fibra de palmeira que lhe orna a cabeça(1).Nota do Autor Um colar de pequeninos cilindros de bambá novo, terminado por uma cruz de madeira, envolve o pescoço do velho, caindo sobre o seu peito nu.
Enquanto fuma o seu cachimbo, o Grão-Taru confecciona chapéus de palha de urucuri, e de quando em quando lança um olhar convidativo a uma garrafa de cachaça, por meio da qual o brasileiro Evangelista, meu companheiro de caça, espera obrigá-lo a falar.
A seu lado está Taru-Niom (Sol-Encoberto), sua nora. Esta fabrica caixas, cestas, cestinhas de diferentes formas, com a fibra do taquarassu e pequenas folhas de carnaúba, palmeira que dá cera. Uma criança nua rola na grama a seus pés.
Taru-Niom, apesar dos seus olhos mongólicos, da proeminência dos ossos da face, dos cabelos cortados em volta da testa, possui uma fisionomia austera, séria, aclarada, entretanto, por pupilas límpidas e mansas,