Mulheres e Costumes do Brasil

Fazem evoluções de toda sorte — ora avançam, ora recuam, em gritos, dando extrema expansão e agilidade aos seus membros. Tão hábeis quanto eles, as índias fazem-lhes uma caça animada e os cercam de perto. De repente, eles dão uma contravolta e avançam sobre as moças. Estabelece-se a confusão, diante da qual cada um procura empurrar a cabeça do vizinho para mergulhá-la na água. Macaé sai vitorioso, por cinco vezes, entre as índias, mas Miranha aproxima-se traiçoeiramente e passa o braço robusto ao redor do pescoço do amante. Macaé desaparece. Ao voltar à superfície, percebe que a fisionomia de Miranha, tão risonha até então, transformara-se em tristeza.

— Que tens? perguntou ele inquietamente. A índia, segurando o lóbulo da orelha, mostra-lhe que perdera o humá branco que o ornava.

— Rolou para o lago! murmurou ela.

Macaé mergulha com intrepidez. Os lutadores aceitam tacitamente uma trégua e se deitam de costas, para repousar. Passam-se dois minutos, e o corajoso nadador não aparece. O coração de Miranha bate apressadamente. A índia acusa-se de ter posto o seu amante em perigo, só para achar o seu enfeite nas profundezas do lago. Afinal, uma cabeça sai das águas. É Macaé. Traz no batoque, pendurado do lábio inferior, a placa cilíndrica cuja perda a sua amante lamentara, e oferece-lha, sorrindo. Miranha estende a mão, porém surpreende-se ao ver que aquele não era o humá que perdera. Em lugar da argola comum,