Mulheres e Costumes do Brasil

A crença nas sereias, que cultuavam antigamente as nações politeístas, e que vive ainda entre os colonos das províncias de Ilhéus e Porto Seguro, era perfeitamente aceita pelos botocudos. Tinha-lhes sido transmitida pelos aimorés, de quem descendem, assim como pelos mucunis. Sua fé robusta era mantida por lendas às vezes terríveis, às vezes risonhas, mas sempre amorosas.

Os pajés procuraram primeiro retirar da sua teogonia essa divindade aquática, que desafiava, do fundo do oceano, a autoridade suprema de Taru, o Criador de todos os seres. Apesar do poder dos pajés, a crença não enfraqueceu. Os adivinhos fizeram vista curta. Sem receio de um desmentido, reconheceram a existência desse gênio feminino, considerando apenas que ele fazia parte dos espíritos inferiores, dos demônios subalternos chamados Janchons, que habitam as florestas e obedecem ao Grão-Taru.

Pode-se bem imaginar a impressão produzida pela narração de Macaé nesses espíritos supersticiosos. Os guerreiros invejam a sorte do companheiro que conseguiu sensibilizar o coração da mãe-d'água. Cada qual queria estar no seu lugar. As mulheres e as virgens lamentam a sorte de Miranha em altas vozes, mas, intimamente, todas elas experimentam uma sensação de prazer malicioso, diante da dor que a oprime, tal como fariam as civilizadas.

Cacimuru, chefe dos botocudos, curva a sua soberba fronte e olha com ar ameaçador para Jojuiam e