Mulheres e Costumes do Brasil

que me serve de trincheira. Lanço segunda flecha. O mais velho dos dois irmãos é atingido no coração. Já ia visar o mais moço, quando o nosso temido chefe, o grande Cacimuru, se precipita para a frente e força a paliçada, atrás da qual estão abrigados os nossos inimigos. Sigo-o ligeiro. Num salto, alcanço a barraca onde o guerreiro panhamé se colocara em defesa de sua família. Levanto o braço e o meu caratu (machado de nefrite) faz-lhe saltar o crânio. Entro na barraca, onde retumbam urros e gritos de lamentação. Cinco crianças são enforcadas. Três mulheres, uma idosa e duas jovens e belas, são as esposas e a mãe dos dois irmãos. Abato-as igualmente. Falta um velho, acocorado num canto, que mantém um arco e procura com as mãos débeis ajustar a flecha na corda de tucum. Na minha fúria, imolo-o sem piedade. Com esse completo doze panhamés que não mais irão colher o mel perfumado das florestas, e que caíram sob os meus golpes. Hoje, saciado do sangue dessa carnificina, não aspiro senão repousar a minha cabeça no seio da bela Miranha, e aí dormir acalentado pelos seus braços carinhosos.

Falou assim o guerreiro botocudo.

Todos felicitaram Macaé. As mulheres lançaram-lhe as flores dos seus sorrisos, e Miranha, com o coração deliciosamente comovido, enrubesceu de prazer.

Nesse momento, ouve-se o som de uma voz melodiosa. Trazidas por uma brisa ligeira, estas palavras chegam até ao lugar do festim: