Mulheres e Costumes do Brasil

— Macaé! Macaé! É chegada a tua hora. Não mais pertences a Miranha. Sou eu a tua noiva. Vem gozar perto da mãe-d'água a felicidade reservada aos imortais.

Esta voz, de efeito poderoso, amenizou logo as carrancudas fisionomias dos botocudos. Somente Miranha ficara insensível à harmonia espalhada no espaço. Em vez de experimentar o prazer de todas as pessoas da tribo, ela sente um frio mortal no coração e agarra-se instintivamente ao seu amante. O grande Cacimuru curva novamente a fronte e sabe resistir à emoção geral.

Quanto a Macaé, o encanto daquela voz o invadira inteiramente. Um sorriso esboçado para Miranha paralisa-se, num momento, em seus lábios. Depois, como atraído por um ímã invisível, deixa o seu lugar e lança-se para a frente. Miranha tinha passado os seus braços em volta do pescoço de Macaé. Um movimento brusco atira-a de encontro às companheiras. O robusto Cacimuru precipita-se sobre ele e o agarra pelo meio do corpo. Dotado, nesse momento, de força sobre-humana, Macaé desenleia-se facilmente desse laço. Faz rolar o chefe, com o diadema para um lado e o augusto corpo para o outro, aos pés de sua filha. Assim desembaraçado, segue o caminho do som misterioso que acaba de surgir diante dele, e atinge a beira d'água.

Recomeça a voz: