Um combatente aproxima-se dos botocudos. É Macaé. Vai direito ao Cacimuru. Forma-se logo um círculo em torno dele.
— Chefe temível da nossa gloriosa nação, pelas chamas dos teus olhos adivinho o sentimento que move a tua alma. Operou-se uma magia, que me arrancou do teu meio. Afinal, recuperada a razão, volto agora ao amor, e mais preso que nunca à Miranha dos olhos azuis.
Assim falava Macaé. Todos os olhares o envolvem e todos os lábios se entreabrem para o interrogar.
— Eis a narração fiel da minha viagem às profundezas do lago. Apenas desapareci debaixo d'água, uma fina mão, tão mansa como a asa do tucano, pegou na minha, e uma voz mais harmoniosa que o canto do teitei ou do sabiá ressoou nos meus ouvidos: "Enfim, aqui está o meu bem-amado".
A mãe-d'água conduziu-me então para um palácio, cujas muralhas são de uma substância amarela, que brilha aos olhos como tacapes atingidos pelos raios do sol. Arcos, flechas, humás, gnimatos, kekrocks, vasos e móveis de toda a espécie, trabalhados com arte caprichosa nas madeiras as mais preciosas, enchiam grandes salas, suspensas por colunas verdes e vermelhas. Pedras de diferentes formas e cores, desconhecidas sobre a terra, completavam o cimo das colunas. Essa soberba habitação serve de residencia à mãe-d'água.
— Eis o que doravante te pertence, meu bem-amado! disse a poderosa divindade.