Janchons gipakejus e janchons coudgis (grandes e pequenos gênios) todos com braceletes de insetos reluzentes, com argolas da mesma matéria que essa que dei ontem a Miranha, serviam-nos um suntuoso banquete.
— Esta é a existência que te reserva o meu amor, murmurou a mãe-d'água.
Depois do festim, minúsculos e encantadores gnomos conduziram-nos a uma peça mais esplendidamente ornamentada do que as outras. Às paredes estavam presos dois ganchos de uma rede coberta de plumas de pássaros desconhecidos das nossas florestas, mais bizarros, porém, que as do tucano.
— Aqui repousarás a meu lado, belo guerreiro, suspirou ela, fixando nos meus os seus olhos ardentes.
Essa noite embriagadora, confesso-o, voou como um sonho. Esquecera-me de Miranha, de meus companheiros, de meu pai, de minha família. Os olhares dessa divindade causavam-me um atordoamento. A sua voz transportava-me às margens perfumadas de um rio, cujas águas eram azuladas. Dormi afinal, embalado por flores e canções de pássaros.
Pela manhã, a mãe-d'água fez-me recuperar a memória:
— Ó meu bem-amado! disse ela. A vida que te reservo é de aventuras sem fim. Essa que acabas de fruir é apenas um antegozo do que te espera. Quero, entretanto, que possas ainda escolher o teu destino. Não te quero dever senão o amor que eu te tenha inspirado.