Mulheres e Costumes do Brasil

Volta para junto dos teus, e toma parte nos prazeres dos guerreiros. Depois de teres visto a tua antiga noiva, saberás dizer se Miranha te parece ainda bela. Adeus, meu amor. Guarda em ti a minha lembrança. Esperar-te-ei à hora em que o poderoso Taru se entrega ao sono.

Esta narração produziu grande efeito no meio dos guerreiros. A inveja que sentiram, na véspera, de Macaé, redobrou. Não havia um que não estivesse disposto a dar todos os dias que lhe restassem de vida para ser, durante uma hora, o objeto de tão grande paixão. As virgens baixaram os olhares. Presas de indizível emoção, imaginavam os ternos enleios de Macaé e da mãe-d'água.

O olhar do chefe continua sombrio. A sua voz nada perdeu de aspereza ao pronunciar:

— Vens aqui para fazer a exposição da tua felicidade e de novo insultar a dor de Miranha?

Macaé sorriu.

— Não te declarei, ao chegar, respondeu ele, que estava outra vez senhor da razão e do amor? Agora, meu coração, mais preso que nunca, procura Miranha como o socó-boi sedento busca o riacho cristalino.

— Será isso possível, depois do que se passou? exclamam o chefe e os guerreiros.

— O encanto está quebrado, continua o índio. Não ouço mais a voz encantadora em meus ouvidos, e a sua imagem apagou-se diante da minha tímida noiva. Onde está ela? Onde está a Miranha das olhos azuis?