— Amo-te também, respondeu Macaé, apertando-a de encontro ao peito.
Súbito, o idílio foi interrompido por vozes de uma suavidade infinita.
— É a mãe-d'água! grita Miranha horrorizada, enlaçando o amante para o disputar à rival.
— Nada temas, disse Macaé, tranquilizando-a com um sorriso.
A voz aumenta gradativamente, proferindo cadenciada oração e repetindo o nome do ingrato botocudo.
- Macaé! Macaé! clamou ela. Já perdeste a lembrança da minha bondade? Miranha já te parece linda, depois de me teres conhecido? Será possível? Macaé, os olhos do grande Taru vão fechar-se e as estrelas começarão a ornar o firmamento. É a hora em que as flores trocam os seus perfumes. É também a hora dos doces enleios. Abandona a tua noiva e responde afinal ao chamado da mãe-d'água. Ó Macaé, meu belo guerreiro! Vem para mim...
O botocudo, a princípio insensível ao chamado, percebe que o seu coração é, pouco a pouco, sacudido por movimentos acelerados. Enrija o braço que aperta a cintura da virgem, mas insensivelmente vai perdendo a força, e acaba por escorregar ao longo do seu corpo. Miranha agarra-se a ele com a força de seu desespero. Macaé sente então seus pés moverem-se por um poder desconhecido. Dá um passo à frente e arrasta nesse movimento a jovem índia. Avança ainda,