conduzido por um fio invisível, sem que Miranha se resolva a deixar a sua presa. O ar está impregnado de sons harmoniosos, de uma langorosa melodia que perturba o sentido e embriaga a razão. Miranha resiste a essas poderosas influências, sem transmitir a sua energia a Macaé. Este dirige-se todo o tempo para o lado donde vem a voz, às margens da ilha.
Miranha, desanimada, fecha os olhos e deixa-se arrastar por Macaé, resignada a segui-lo até o fundo do lago.
No entanto, ao som daquela voz conhecida, os botocudos interrompem seus cantos. Correm em massa ao lugar onde se acham os dois amantes. O chefe Cacimuru e os pajés tomam a frente dos guerreiros. Assistem à luta corajosa de Macaé e escutam os gritos de terror da virgem.
No momento em que, vencido pela doçura da penetrante voz, Macaé toma, sem querer, o caminho do lago, Cacimuru dirige-se ao chefe dos adivinhos.
— Sabia pajé, diz ele, tu que conversas com os grandes gênios e conheces o pensamento de Taru, implora ao deus terrível e justo para que socorra Miranha dos olhos azuis e proteja Macaé contra as pérfidas seduções da mãe-d'água.
O sábio Pejaru volta-se para o ocidente. O Sol vai descambando por detrás das montanhas. Deita um último olhar de adeus, com os seus derradeiros raios, para o lago transparente. O momento é propício. O pajé pronuncia palavras misteriosas e faz tremendas