contorsões. Interpela os gipakejus e os coudgis, os gênios que povoam o ar e os demônios que habitam as florestas. Ordena-lhes que se ajuntem a ele para que o Grão-Taru, enternecido pelas suas preces, tenha piedade dos dois amantes. Enquanto dança, agita sobre a cabeça o maracá sagrado.
— Taru, Taru, Taru, disse por três vezes, ao terminar as suas conjurações. Antes de desviares o teu olhar da terra que sagraste, atinge a mãe-d'água e quebra-lhe o encanto que produz a sua voz. Um sinal teu basta para aniquilar a inimiga. Faze o sinal e os amorosos botocudos estarão livres.
Apenas proferidas essas palavras, os raios do sol poente envolveram, como uma auréola, as cabeças de Macaé e de Miranha.
— Taru envolve-os com a sua proteção! disse o pajé em tom solene.
Ao mesmo tempo, uma oscilação se fez sentir. A ilha, arrancada do solo, flutua como uma piroga sobre as águas e arremessa-se para a margem do lago, como que impelida por mão invisível.
Miranha e seu amante, que a enlaça, não reparam que a ilha fora transformada em uma barca. Chegam à margem do lago.
Uma mulher admiravelmente bela baloiça-se nas águas, fascinando os ecos com a sua voz harmoniosa.
— Enfim cá está o meu bem-amado! exclama ela. Teu coração respondeu às pulsações do meu. Abandona a tua noiva vermelha de olhos azuis. A mãe-d'água