A MADEMOISELLE MARTA EXPILLY
Minha querida filha
Como tua mãe, nasceste no Brasil e uma escrava deu-te a beber o seu leite.
Eras bem criança, quando, após dolorosas provações, deixamos o país. Assim, não deves ter guardado a mais vaga lembrança da tua mãe preta.
Daí, como te poderias recordar do discurso de despedida que ela murmurou ao teu ouvido, antes de separar-se de ti?
Ela pedia-te, entre lágrimas, como se pudesses compreender, que nunca te esquecesses daquela que todos os dias te embalava nos braços e te fazia adormecer no seio. E se algum dia fosses rica, que a comprasses para ser só tua.
Tua mãe e eu ficamos profundamente sensibilizados, ao ouvir a dolente e comovedora súplica de Julia a Monjola.
Que teria sido feito dela, depois que partimos?
Quem sabe, aquela [que] te deu a vida, terá morrido sob o chicote do feitor?
Quando puderes ler este estudo de costumes escravagistas, pensarás na tua mãe preta, e de Julia a tua piedade se estenderá a todos os infortúnios imerecidos;