Mulheres e Costumes do Brasil

Desclassificado na Europa, Fruchot obedeceu, ele também, à corrente que arrasta os espíritos inquietos e aventureiros a plagas longínquas. Havia já cinco anos que o exilado procurava no Brasil o segredo do seu destino.

Esta segunda parte da sua existência merece ser contada. Ela apresenta contraste curioso, mostrando a civilização, na sua manifestação mais elevada — a arte, perdida no meio de uma sociedade escravocrata.

O ensinamento decorre naturalmente desse antagonismo.

Abandonando a Europa, mãe madrasta para ele, Fruchot nela deixara as suas brilhantes esperanças de artista.

Ainda bem que se resolvera renunciar à glória, porque no Brasil, é sabido, a música, a pintura e as letras não dão, aos que se dedicam sinceramente, nem fortuna, nem renome. Era, no entanto, necessário viver.

Fruchot resolveu dar lições de piano.

Um anúncio, que fez inserir nas duas folhas de maior circulação do Rio — o Jornal do Comércio e o Mercantil, proporcionou-lhe dois discípulos a dois mil réis. Em França isso representaria seis francos, na realidade o terço dessa cifra em um país onde o comércio atribui o mesmo valor a um bilhete de mil réis e a um de um franco.

Fruchot sabia já que no Rio o preço habitual era de cinco mil réis. Certos professores de mérito muito