Aqui vai outro que, a meu ver, acabará de fixar no espírito do leitor a verdadeira fisionomia da população que habita o solo brasileiro. Este agora contém um ensinamento, sobretudo para os artistas sérios, que poderiam ser tentados a estabelecer-se na capital do Império sul-americano.
O meu amigo havia sido recomendado, por um músico de Paris, a um afinador-depositário de pianos franceses. O senhor Cavaillon pô-lo em relações com um italiano muito em voga, nesse momento, entre as ignorantes e vaidosas senhoras.
Esse italiano era um intrigante de primeira ordem, crivado de dívidas e vícios.
— Senhor, eu serei franco, disse-lhe o sr. Panini depois de o ter ouvido ao piano e ao violino. O sr. é realmente um grande artista, e, modéstia à parte, ninguém aqui, a não ser eu, maneja melhor o arco. A verdade força-me a render-lhe esta homenagem. Pois bem. Apesar desse mérito incontestável, se eu ficar sendo seu inimigo, ou se lhe recusar sequer o meu apoio, o sr. estará condenado a vegetar miseravelmente.
Depois desse preâmbulo impudente, que continha quase uma ameaça, o italiano continuou:
— Meu ilustre amigo, o sr. Cavaillon, lhe deve ter dito que eu mando no Rio a chuva e o bom tempo. Não tenho senão que negar os seus conhecimentos musicais, ou somente proclamar o seu mau método, e logo o sr. será um homem falido, e falido