História das guerras e revoluções do Brasil, de 1825 a 1835

seus patrícios; os oficiais e os inferiores, ao contrário, eram quase todos alemães e, por outro lado, a soldadesca era na maioria irlandesa. Dada semelhante confusão étnica, e considerado o fato que uma metade do batalhão gozava de soldo dobrado ao da outra muito mais antiga e, também, no que respeitava o tratamento, fruia muito maiores vantagens, era impossível que os alemães pudessem ocultar por mais tempo os seus desígnios hostis e, como já então, não rebentou no meio deles uma revolta, só pode ser atribuído ao perfeito conhecimento que os membros do terceiro batalhão de granadeiros possuíam do espírito de crescente rebelião, que fermentava entre as demais tropas estrangeiras. Sabiam ser geral a animosidade e preferiram aguardar o rompimento do levante a provocá-lo. Nesta época, o 27º batalhão de caçadores estava acantonado na Praia Vermelha, fortaleza situada à entrada do porto do Rio e na qual tinha sido alojada a maioria dos colonos irlandeses, e o 2º batalhão de granadeiros ocupava um quartel próximo ao imperial palácio de São Cristovão. Este último foi que primeiro teve ensejo de erguer a bandeira da revolta, devido ao incidente seguinte.

Sucedera que um soldado alemão do citado batalhão, encontrando, após terem os sinos dado Ave Maria, um oficial, brasileiro de nascimento, deixasse de lhe prestar a continência habitual, porquanto as leis do país dispenssassem os soldados