de fazê-la por motivo da escuridão reinante. O oficial, porém, ferido no seu imbecil orgulho, interpelou rudemente o soldado, que então servia de bagageiro a um oficial de engenharia, e perguntou-lhe se não sabia qual era o seu dever. "Sei muito bem," respondeu-lhe o soldado, "que deveria ter feito continência; mas não percebi a V. Sra. e, demais, já tocou a Ave Maria, de modo que em rigor eu não sou a isto obrigado." — "Hei de te ensinar a cumprir a tua obrigação", retorquiu-lhe irado o oficial, e logo foi dar parte do ocorrido ao major Drago, então comandante do 2º batalhão de granadeiros que, sem ouvir o soldado, o condenou a levar vinte cinco chibatadas, por ocasião da parada do dia imediato.
Tão injusta sentença espalhou-se com incrível rapidez por todos os demais batalhões, e como o granadeiro fosse conhecido como homem ordeiro e bem comportado, sendo muito estimado do oficial a quem servia, um digno francês, não podia deixar de acontecer que os ânimos, já de si exaltados, se inflamassem de violenta cólera. O choque estava dado; o raio ferira o paiol de pólvora! Quando, no dia seguinte, devia começar a execução, estavam reunidos numerosos soldados de todos os batalhões estrangeiros e mesmo uma multidão de irlandeses que, ou queriam ser testemunhas do ato iníquo ou, caso o 2º batalhão de granadeiros se levantasse, prestar-lhe o seu apoio. O condenado foi metido no quadrado,